quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


Acolha a Palavra de Deus que ilumina os corações


     A pessoa que recebeu a Palavra de Deus de bom grado em seu coração há de frutificar grandemente, de maneira que todos possam ver os seus frutos. Daí a parábola da candeia, que revela a posição que ocupará no reino espiritual aquele que se deixou transformar completamente pela semente da Palavra.
   Marcos apresenta alguns ditos de Jesus que são encontrados, dispersos, em Mateus e Lucas. O dito a respeito da lâmpada sobre o candelabro é encontrado no Evangelho de Mateus, introduzido pela proclamação “Vós sois a luz do mundo!” no início do Sermão da Montanha. Assim, o testemunho dos discípulos deve ser uma luz para o mundo. No ensinamento de Jesus, não há nenhuma falsidade oculta, como na doutrina dos fariseus, nem ensinamento reservado a grupos elitizados como no gnosticismo.
    O candelabro era a lâmpada dos tempos de Jesus. Na parábola, a candeia significa a luz de Deus que brilha por meio de alguém que realmente teve uma experiência pessoal com Cristo. Sua vida vai manifestar um brilho especial como que dizendo ao mundo que achou o caminho da paz, da alegria, da fé que as pessoas tanto procuram.
    O papel da Palavra de Deus no coração do homem é justamente este, de tirar o homem das trevas do ódio e da amargura, e colocá-lo na luz do amor de Deus. Uma vez que o indivíduo teve essa experiência e vai crescendo mais e mais no conhecimento do Pai, a luz de Cristo, no seu interior, vai brilhar cada vez mais intensamente a fim de se manifestar aos homens que ainda vivem nas trevas (João 1,4-5; I João 1,5-7).
    “E disse-lhes: Vem porventura o candelabro para se meter debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador?” ( Marcos 4,21)
     O texto diz que a lamparina não vem para ser deixada num lugar qualquer da casa, mas sim no velador que sempre era posicionado em lugares altos de onde podia iluminar toda a casa. Jesus está dizendo que aquele que teve uma experiência genuína com Deus, e que está crescendo em maturidade por meio da semente plantada em seu coração, certamente será posicionado em lugares cada vez mais estratégicos no reino espiritual de maneira que possa abençoar as pessoas de forma mais eficaz. Quem nos posiciona em lugares altos é o Senhor nosso Deus. Ele conhece o nosso coração e sabe se, de fato, temos frutificado e sido abençoadores de outras vidas. “Aquele que é fiel no pouco sobre o muito será colocado” (Mt 25,23).
     “Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto” – Marcos 4,22.
    Jesus disse que nada está encoberto senão para vir à luz. Ele está querendo dizer que, assim como uma semente plantada na terra permanece oculta por um certo tempo, vindo depois à luz, da mesma forma toda semente divina plantada no coração do homem tende a manifestar-se no seu devido tempo, revelando sua espécie. Aquele que tem recebido pela fé a Palavra de Deus em seu coração, mais cedo ou mais tarde terá a alegria de ver esta Palavra manifestada aos homens pelas novas atitudes e obras praticadas. A luz de Deus deixará de estar no oculto do coração para ser algo notório a todos os homens (cf. Gálatas 5,22-23).
“Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” (Marcos 4,23).
     Os versículos seguintes aos mencionados acima mostram que, para que a luz venha , de fato, manifestar-se, é necessário que o homem, canal da luz, seja um bom ouvinte da Palavra. Os versículos 23 e 24 dizem: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis”. Os ouvidos precisam atentar a toda palavra que sai da boca de Deus, porque desta viverá o homem (cf. Dt 8,3b).
    O solo que frutificou na parábola do semeador foi aquele que, antes de tudo, ouviu a Palavra e a recebeu, e só então pode dar o fruto esperado. Antes da frutificação vem o receber, e antes do receber vem o ouvir. A pergunta que queremos deixar aqui é sobre como temos ouvido a Palavra. Não o ouvir com os ouvidos naturais, mas com os ouvidos do coração, porque toda frutificação depende de ouvidos sensíveis e receptivos ao que Deus está falando.
    “E disse-lhes: Atendei ao que ides ouvir. Com a medida com que medirdes vos medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada a vós que ouvis.” (Marcos 4,24-25)
    Quem ouve as palavras de Jesus e as acolhe não condena, mas pratica a misericórdia. Quem faz um julgamento usando a misericórdia como medida alcançará, por sua vez, misericórdia em abundância.
    A sentença final pode ser um provérbio popular da Antiguidade, que interpreta as relações socioeconômicas daquelas sociedades, no mundo grego-romano e oriental. O rico acumula cada vez mais riquezas à custa dos pobres, cada vez mais empobrecidos. Com certo constrangimento, seria aplicado na perspectiva da fé. Quem tem a fé vai se fortalecendo cada vez mais, enquanto aquele que não a tem, vai se debilitando.
    Com que intensidade nós queremos ver a manifestação do brilho de Deus em nossas vidas? Qual o posicionamento no reino espiritual que esperamos da parte de Deus? Todas estas questões dependem de como nos debruçamos de coração ao que estamos a ouvir da parte de Deus. A medida de unção, revelação e autoridade espiritual dependem de uma atitude cada vez mais positiva em relação à Palavra de Deus a nós ministrada. Se a desprezarmos ela não terá proveito para nós; mas se a valorizarmos, Deus nos acrescentará mais e mais de tudo o que ela oferece (cf. Jeremias 29,13; 33,3).
    Que toda transformação do nosso coração, operada por Deus e por Sua Palavra, possa resultar na iluminação de milhares de pessoas.

Padre Bantu Mendonça

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


A Paroquia Sant'Ana mais perto de você!



Santo do dia - Santa Jacinta Marescotti


Em Roma, em 1585, nasceu Jacinta, dentro de uma família muito nobre, religiosa, com posses, mas que possuía, principalmente, a devoção, o amor acima de tudo. Seus pais faziam de tudo para que os filhos conhecessem Jesus e recebessem uma ótima educação.

Jacinta Marescotti que, então, tinha como nome de batismo Clarisse, foi colocada num convento para a sua educação, numa escola franciscana, juntamente com as irmãs. Uma das irmãs dela já era religiosa franciscana.

Crescendo na educação religiosa, com valores. No entanto, a boa formação sempre respeita a liberdade. Já moça e distante daqueles valores por opção, ela quis casar-se. Saiu da vida religiosa, começou a percorrer caminhos numa vida de pecados, entregue à vaidade, à formosura e aos prazeres. Enfim, ia se esvaziando. Até que outra irmã sua veio a se casar. Sua reação não foi de alegria ou de festa, pelo contrário, com inveja e revolta ela resolveu entrar novamente na vida religiosa. 

A consequência foi muito linda, porque ao entrar nesse segundo tempo, ela voltou como estava: vazia, empurrada por ela própria, pela revolta. Lá dentro, ela foi visitada por sofrimentos. Seu pai, que tanto ela amava e que lhe dava respaldo material, faleceu, foi assassinado. Ela pegou uma enfermidade que a levou à beira da morte. Naquele momento de dor, ela pôde rever a sua vida e perceber o quanto Deus a amava e o quanto ela não correspondia a esse amor. 

Arrependeu-se, quis confessar-se e o sacerdote foi muito firme, inspirado naquele momento a dizer: “Eu só entro para o sacramento da reconciliação se sair, do quarto dela, tudo aquilo que está marcado pelo luxo e pela vaidade”. Até as suas vestes eram de seda, diferente das outras irmãs. Ela aceitou, pois já estava num processo de conversão. Arrependeu-se, confessou-se e, dentro do convento, começou a converter-se.

Jacinta Marescotti de tal forma empenhou-se na vida de oração, de pobreza, de castidade e vivência da regra que tornou-se, mais tarde, mestra de noviças e superiora do convento.

Deus faz maravilhas na vida de quem se deixa converter pelo Seu amor.

Santa Jacinta Marescotti, rogai por nós!




Deixe-se vivificar pela força da Palavra de Deus


Jesus narra a parábola do semeador e a explica aos seus discípulos. A semente semeada é a Palavra. São diversas as situações em que ela é ouvida. Uns a ouvem por mera curiosidade, sem compromisso; outros ouvem sinceramente, mas arrefecem seu ânimo diante dos riscos que podem correr. Há também osque a escutam, mas a esquecem logo, iludidos pelas falsas seduções dos sistemas de exploração deste mundo. Porém, Jesus nos chama a ouvir e acolher a Sua Palavra dando abundantes frutos de amor, misericórdia e justiça.
A história em si é simples: “Um semeador saiu a semear a sua semente, e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram; E outra caiu sobre pedra, e, nascida, secou-se, pois que não tinha umidade; E outra caiu entre espinhos, e crescendo com ela os espinhos, a sufocaram; E outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cento por um.” (Lucas 8,5-8).
A explicação de Jesus é também fácil de entender: “A semente é a Palavra de Deus. A que caiu à beira do caminho são os que a ouviram; vem, a seguir, o diabo e arrebata-lhes do coração a Palavra, para não suceder que, crendo, sejam salvos. A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a Palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, crêem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam. A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer. A que caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração retêm a Palavra; estes frutificam com perseverança”(Lucas 8,11-15).
Alguém ensina as Escrituras a várias pessoas; a resposta dessas pessoas depende do estado do coração delas, isto é, de sua atitude. Consideremos o semeador, a semente e o solo.
O trabalho do semeador é colocar a semente no solo. Uma vez que a semente for deixada no celeiro, nunca produzirá uma safra, por isso seu trabalho é importante. Mas a identidade pessoal do semeador não é. O semeador nunca é chamado pelo nome nesta história. Nada nos é dito sobre sua aparência, sua capacidade, sua personalidade ou suas realizações. Ele simplesmente põe a semente em contato com o solo. A colheita depende da combinação do solo com a semente.
Aplicando-se espiritualmente, os seguidores de Cristo devem estar ensinando a Palavra. Quanto mais ela é plantada nos corações dos homens, maior será a colheita. Mas a identidade pessoal do professor não tem importância: “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma cousa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento” (1 Coríntios 3,6-7).
A semente é a Palavra de Deus. Cada conversão é o resultado do assentamento do Evangelho dentro de um coração puro. A Palavra gera (Tiago 1,18), salva (Tiago 1,21), regenera (1 Pedro 1,23), liberta (João 8,32), produz fé (Romanos 10,17), santifica (João 17,17) e nos atrai a Deus (João 6,44-45).
Como o Evangelho se espalhava no primeiro século, foi-nos dito muito pouco sobre os homens que o divulgaram, porém, muito nos foi dito sobre a mensagem que eles disseminaram: estude o livro dos Atos dos Apóstolos e note que em cada cidade para onde os apóstolos viajaram, os homens eram convertidos como resultado da Palavra que era ensinada. A importância das Escrituras deve ser ressaltada ao máximo.
O fruto produzido depende da resposta à Palavra. É decisivamente importante ler, estudar e meditar sobre as Escrituras. A Palavra tem que vir habitar em nós (Colossenses 3,16), para ser implantada em nosso coração (Tiago 1,21). Temos de permitir que nossas ações, nossas palavras e nossas próprias vidas sejam formadas e moldadas pela Palavra de Deus.
Uma safra sempre depende da natureza da semente, não do tipo da pessoa que a plantou. Um pássaro pode plantar uma castanha: a árvore que nascer será um castanheiro, e não um pássaro. Isto significa que não é necessário tentar traçar uma linhagem ininterrupta de fiéis cristãos, recuando até o primeiro século. Há força e autoridade próprias da Palavra para produzir cristãos como aqueles do tempo dos apóstolos.
A Palavra de Deus contém força vivificante. O que é necessário são homens e mulheres que permitam que a Palavra cresça e produza frutos em suas vidas; pessoas com coragem para quebrar as tradições e os padrões religiosos em volta deles, para simplesmente seguir o ensinamento da Palavra de Deus. Hoje em dia, a Palavra tem sido frequentemente misturada com tanta tradição, doutrina e opinião que é quase irreconhecível. Mas se pusermos de lado todas as inovações dos homens e permitirmos que  ela trabalhe, podemos nos tornar fiéis discípulos de Cristo justamente como aqueles que seguiram Jesus há quase dois mil anos. A continuidade depende da semente.
É perturbador notar que a mesma semente foi plantada em cada tipo de solo, mas os resultados foram muito diferentes. A mesma Palavra de Deus pode ser plantada em nossos dias, mas os resultados serão determinados pelo coração daquele que ouve.
Alguns são solos de beira de estrada, duro, impermeável. Eles não têm uma mente aberta e receptiva para permitir que a Palavra de Deus os transforme. O Evangelho nunca transformará corações como estes, porque eles não o permitem entrar.
As raízes das plantas, no solo pedregoso, nunca se aprofundam. Durante os tempos fáceis, os brotos podem parecer interessantes, mas, abaixo da superfície do terreno, as raízes não estão se desenvolvendo. Como resultado, vem uma pequena temporada seca ou um vento forte, e a planta murcha e morre. Os cristãos precisam desenvolver suas raízes por meio da fé em Cristo e do estudo da Palavra cada vez mais profundo. Tempos difíceis virão, e somente aqueles que tiverem desenvolvido suas raízes abaixo da superfície sobreviverão.
Quando se permite que ervas daninhas cresçam junto com a semente pura, nenhum fruto pode ser produzido. As ervas disputam a água, a luz solar e os nutrientes e, como resultado, sufocam a boa planta. Existe uma grande tentação a permitir que interesses mundanos dominem tanto nossa vida que não nos resta energia para devotar ao crescimento do Evangelho em nossas vidas.
Então, há o bom solo que produz fruto. A conclusão desta parábola é deixada para cada um escrever. Que espécie de solo é você?
“Eis que o semeador saiu a semear.” A cena é atual. Também agora, o semeador divino lança a sua semente. A obra da salvação continua a cumprir-se e o Senhor quer servir-se de nós: deseja que nós, os cristãos, abramos ao seu amor todos os caminhos da terra; convida-nos a propagar a mensagem divina, com a doutrina e com o exemplo, até aos confins do mundo. Pede-nos que cada um de nós, cidadãos da sociedade eclesial e da sociedade civil, seja outro Cristo, santificando o seu trabalho profissional e as suas obrigações de estado.
Se olharmos à nossa volta, para este mundo que amamos, porque foi feito por Deus, veremos que a parábola se realiza: a Palavra de Jesus é fecunda, suscita em muitas almas desejos de entrega e de fidelidade. A vida e o comportamento dos que servem ao Senhor mudaram a história, e mesmo muitos que não O conhecem se regem – talvez nem disso se aperceberem – por ideais nascidos do Cristianismo.
Vemos também que parte da semente cai em terra estéril ou entre espinhos e abrolhos: há corações que se fecham à luz da fé. Os ideais de paz, de reconciliação, embora aceitos e proclamados, são – não poucas vezes – desmentidos pelos fatos. Alguns empenham-se inutilmente em afogar a voz de Deus, impedindo a sua difusão por meio da força bruta ou com outra arma menos ruidosa, mas talvez mais cruel, porque insensibiliza o espírito: a indiferença.

Padre Bantu Mendonça

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Santo do dia - São Pedro Nolasco

No século XII, uma família francesa teve a graça de ter como filho o pequeno Pedro Nolasco que, desde jovem, já dava sinais de sensibilidade com o sofrimento alheio. Foi crescendo, formando-se, entrou em seus estudos humanísticos e, ao término deles, numa vida de oração, penitência e caridade ativa, São Pedro Nolasco sempre buscou viver aquilo que está na Palavra de Deus.

Desde pequeno, um homem centrado no essencial, na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo; um homem devoto da Santíssima Virgem. 

No período de São Pedro Nolasco, muitos cristãos eram presos, feitos escravos por povos não-cristãos. Eles não só viviam uma outra religião – ou religião nenhuma –, como atrapalhavam os cristãos. 

São Pedro Nolasco, tendo terminado os estudos humanísticos e ficando órfão, herdou uma grande herança. Ao ir para a Espanha, deparou-se com aquele sofrimento moral e também físico de muitos cristãos que foram presos e feitos escravos. Então, deu toda a sua herança para o resgate de 300 deles. Mais do que um ato de caridade, ali já estava nascendo uma nova ordem; um carisma estava surgindo para corresponder àquela necessidade da Igreja e dos cristãos. Mais tarde, fez o voto de castidade, de pobreza e obediência; foi quando nasceu a ordem dedicada à Santíssima Virgem das Mercês para resgatar os escravos, ir ao encontro daqueles filhos de Deus que estavam sofrendo incompreensões e perseguições.

Em 1256, ele partiu para a glória sabendo que ele, seus filhos espirituais e sua ordem – que foi abençoada pela Igreja e reconhecida pelo rei – já tinham resgatado muitos cristãos da escravidão. 

Peçamos a intercessão deste santo para que estejamos atentos à vontade de Deus e ao que Ele quer fazer através de nós.

São Pedro Nolasco, rogai por nós! 




Como discípulos fazemos parte da família de Jesus


Marcos, no início de Seu Evangelho, apresentou a tensão entre “sinagoga”, da qual Jesus se afasta, e “casa”, que passa a ser o local de reunião das novas comunidades em torno de Jesus.
Vemos, no texto de Mc 3,31-35, que Jesus se encontra dentro da casa, seus parentes do lado de fora e a multidão ao Seu redor, ouvindo-O. Estão reunidos os discípulos e discípulas em torno de Jesus, como também a multidão – pessoas do povo -, capaz de deixar tudo e segui-Lo. São aleijados, coxos, pobres, doentes que estão “como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34).
“Participar da casa” é participar do banquete da vida, da aproximação com o outro como espaço de diálogo e compreensão. Para poder “entrar na casa” é preciso romper com o sistema de opressão que há em nossa sociedade, na medida em que faço do outro instrumento da minha vontade e o coloco em disputa com os demais. A casa é o lugar apropriado para desenhar a proposta que Jesus deseja anunciar e promover o sistema de relação social.
“…Um profeta só é desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua casa” (Mc 6,4). As pessoas capazes de compreender a missão de Jesus são aquelas que fazem a experiência d’Ele. Os mais próximos se afastam diante da missão de Jesus, enquanto os mais distantes se aproximam d’Ele e de Sua missão. “Aproximar da missão” é encontrar-se dentro da casa e reconhecer em Jesus a presença do Reino de Deus.
No relato de Marcos 3,20-21, encontramos que o “estar na casa” é o principal foco e eixo de partida, enquanto que, nos versículos 31-35, o grande eixo é a pergunta: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?”. Jesus se sente próximo e familiar a todos que se deixam envolver por seu projeto. O grau de parentesco é como um título para que se possa fazer parte da nova comunidade e requer, acima de tudo, fidelidade. Enquanto, anteriormente, a preocupação da família era a incompreensão da missão de Jesus, o qual tinha a família como eixo estrutural, agora Jesus nos diz: “…eis a minha mãe e meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mc 3,34-35).
É preciso ser obediente a Deus, porque no centro está o ser humano e suas necessidades. Estar sentado à Sua volta é estar atento aos Seus ensinamentos: “Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: «Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!» O Senhor, porém, respondeu: «Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.»”(Lc 10,38-42).
É a unidade em Jesus que se deve fazer evidente numa opção de vida, na instauração de uma família, como também na vida. Viver a vida com adesão ao projeto divino e na construção de um mundo novo, no qual a esperança nos move para frente para podermos chegar “…a uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel”.
O evangelista Marcos nos deixa claro, aqui, que o importante é entrar na casa, conversar, dialogar e participar da vida com o(a) outro(a). Assim, a comunidade do discipulado será a nova família que queremos formar.
Portanto, as palavras de Jesus, questionando “quem é sua mãe e quem são seus irmãos”, têm o sentido de revelar que o dom de Deus, n’Ele presente, não se restringe a laços consanguíneos privilegiados. Jesus substitui esses laços estabelecidos na tradição pelos laços do amor verdadeiro e sem fronteiras, que vão muito além dos limites de família ou raça.
A verdadeira família é aquela constituída por pessoas que, fazendo a vontade de Deus, tornam-se discípulas de Jesus.
Padre Bantu Mendonça

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013


Por que a blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável?


Conforme a popularidade de Jesus crescia, seus inimigos procuravam, desesperadamente, meios para explicar seus maravilhosos poderes. Finalmente, decidiram alegar que Ele expulsava demônios pelo poder do próprio Satanás. Paralelo ao texto de hoje estão Mateus 12,22-32 e Lucas 11,14-23. E com apenas três argumentos Jesus responde e faz uma advertência:
1. Como é que Satanás pode expulsar a si mesmo?
2. Se eu expulso demônios por Satanás, por quem os expulsam os vossos filhos?
3. Para roubar a casa de um homem forte, tem-se primeiro que amarrá-lo. Expulsando demônios, estou amarrando Satanás, de modo que eu possa cumprir minha missão de resgatar aqueles que Satanás mantém cativos.
Sua advertência foi: “Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno” (Marcos 3,28-30).
Depois de Seus debates com os fariseus, e outros inimigos, sobre como guardar o sábado, eis que surge nova questão: de onde vinha o poder de Cristo para expulsar demônios?
Não podendo negar Seus muitos e poderosos milagres, os líderes judaicos tentaram vinculá-los a Beelzebul – ou seja, a Satanás. Interiormente, sentiam que esses milagres eram resultado da manifestação divina, mas após terem acusado e perseguido Jesus, ficava difícil admitir a origem divina da obra feita por Ele. O orgulho, ou seja, a falta de humildade, levou tais líderes a essa situação.
O argumento de Cristo permaneceu sem resposta: Como Seus milagres poderiam provir de Satanás, se destruíam a obra dele? (saúde em vez de doença, libertação de demônios em vez de escravidão a eles). Há aqui uma lição para todos: o orgulho pode obliterar a visão espiritual a ponto de alguém “ao mal chamar bem, e ao bem chamar mal” (Is 5,20).
Quando uma pessoa chega a esse ponto, corre o risco de pecar ou “blasfemar contra o Espírito Santo” e “não ter perdão para sempre” (Mc 3,29). Por que? O fato é que todo pecado pode ser perdoado, desde que seja confessado (I João 1,9). Mas, se alguém chegar ao ponto de achar que o mal é o bem (de que a falsa acusação deles quanto aos milagres de Cristo era correta), então nunca haverão de se arrepender disto e, por conseguinte, não obterão o perdão. Estarão cometendo o “pecado imperdoável”, pois nunca foi confessado para ser perdoado. Poderíamos dizer, então, que “pecado imperdoável” é pecado não confessado e deixado, como esse dos líderes judaicos.
Os escribas vindos de Jerusalém são os enviados dos chefes religiosos que tinham em mãos o culto sacrifical do Templo e o dinheiro do Tesouro, anexo ao Templo. Eles percebem que Jesus, com Seu anúncio da verdade e do amor, é uma ameaça para o poder e os privilégios deles. Jesus já havia expulsado o espírito impuro que dominava um homem numa sinagoga. Eles se empenham em difamar Jesus, para afastá-lo do povo.
O Espírito Santo é o amor. Considerar as obras de amor do Espírito como sendo obras do demônio significa o distanciamento – e até a ruptura – com o próprio amor de Deus. Rejeitar e matar os que com amor buscam resgatar a dignidade humana dos empobrecidos, explorados e excluídos significa a rejeição da vida e do amor de Deus.
Na Encíclica « Dominum et vivificantem » § 46, de Sua Santidade João Paulo II, encontramos razões do “porquê” é imperdoável  o pecado contra o Espírito Santo.
Por que a «blasfêmia» contra o Espírito Santo é imperdoável? Em que sentido se deve entender esta «blasfêmia»? Santo Tomás de Aquino responde que se trata da um pecado «imperdoável por sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos graças aos quais é concedida a remissão dos pecados».
Segundo uma tal exegese, a «blasfêmia» não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do sacrifício da Cruz.
Se o homem rejeita o deixar-se «convencer quanto ao pecado», que provém do Espírito Santo e tem caráter salvífico, ele rejeita contemporaneamente a «vinda» do Consolador: aquela «vinda» que se efetuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de Cristo: o Sangue que «purifica a consciência das obras mortas». Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados.
Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas «obras mortas», no pecado. E a «blasfêmia contra o Espírito Santo» consiste exatamente na recusa radical de aceitar esta remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque esta «não remissão» está ligada, como a sua causa, à «não-penitência», isto é, à recusa radical em converter-se.
Isto equivale a uma recusa radical de ir até às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem «sempre» abertas na economia da salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o poder infinito de haurir destas fontes: «receberá do que é meu», disse Jesus.
Deste modo, Ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo, distribuindo os seus frutos.
Ora, a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção.
O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida.
É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfêmia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.
Rejeitar o amor de Jesus é rejeitar o próprio Espírito Santo, que é a comunicação da vida e do amor de Deus.
Padre Bantu Mendonça

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


Deus quer nos curar de toda atrofia espiritual


Ao mencionar que “outra vez Jesus entrou na sinagoga”, Marcos relaciona esse episódio com o do homem possuído de um espírito impuro na sinagoga de Cafarnaum. Quando Jesus o liberta, os demônios lhe perguntam se Ele queria “destruí-los”. Agora, quando Jesus cura o homem da mão seca, são os fariseus e os herodianos que decidem “destruir” o Senhor.
Jesus, com sua atitude, mostra que o serviço à vida não pode ser barrado por preceitos legais que atentem contra a própria vida. Uma religião de rígidos preceitos se presta ao favorecimento dos privilégios e do poder de suas elites.
Os povos colocam a sua esperança em uma ética mundial para salvar a humanidade do caos e da destruição. Qualquer ética, seja religiosa ou secular, terá como fundamento o compromisso com a justiça e a fraternidade, levando a ações práticas de promoção da vida para todos.
Um dos grandes feitos de Jesus aconteceu quando Ele estava na sinagoga e encontrou, ali, um homem que tinha uma de suas mãos atrofiadas. O Senhor se encontrava diante de um desafio, não em relação à cura, mas sim por causa da religiosidade.
O que aquele homem estava fazendo dentro da sinagoga? Ela era o lugar de adoração. Provavelmente, ele estava lá, porque fazia parte do grupo. Mas não havia experimentado um milagre em sua vida, pois estava vivendo a religiosidade.
Isto acontece nos dias de hoje. Quantos vivem a religiosidade, vivem debaixo de um jugo terrível! Aceitam viver a derrota, simplesmente porque ainda não conheceram Aquele que era, que é e que há de vir. A atrofia na mão daquele homem, talvez tenha se agravado com o decorrer dos tempos; talvez, nascera assim. Era um quadro de conformismo. O que eu posso fazer se minha vida não muda? O que posso mais fazer se meu marido não se converte?
Hoje, Deus vai curar mãos atrofiadas! Hoje, o Senhor vai restaurar mãos incapacitadas! Uma mão atrofiada não encontra força para segurar um objeto, operar um equipamento…
Satanás quer fazer com que sua mão fique sempre atrofiada para que você nunca consiga agarrar o milagre, mas, neste momento, levante sua mão para o Alto e receba um milagre de cura. Deus vai curá-lo de todas as suas atrofias espirituais e físicas!
Existe, em nosso meio, muita gente com suas habilidades atrofiadas, seus talentos enterrados e sem esperança alguma. Mãos paralisadas pela decepção, pelo medo, pela mágoa, pela falta de perdão. Mãos que não mais produzem, porque Satanás conseguiu convencê-lo que sua mão não prospera. Mas Deus fala, nesse momento, que em tudo o que você colocar a sua mão o Senhor prosperará! Mãos atrofiadas pertencem a religiosos fariseus que nunca experimentaram o milagre da ressurreição. Hoje, Deus vai curar mãos atrofiadas! Hoje Deus vai restaurar!
Aquele homem estava numa posição lateral, porque Jesus o chamou para o meio. Vir “para o meio” significa abandonar a apostasia, a incredulidade, a indecisão. “Vir para o meio” significa deixar a religiosidade, as impossibilidades, os preceitos humanos.
Deus quer que sua situação de atrofia seja mudada agora mesmo. Não importa como as pessoas verão isso. Só sei que elas verão. Hoje, o milagre visitará sua casa, sua família, sua vida, seu casamento, seus filhos, seu trabalho e toda atrofia vai sair em Nome de Jesus.
Quero dizer que, hoje, Deus devolverá suas habilidades, seus dons, seu ministério, sua prosperidade em dobro! Receba-as agora, em Nome de Jesus! Não se aflija mais! Levante-se, venha para o meio e estenda a sua mão , pois ela ficará curada por Jesus, o Médico dos médicos!

Padre Bantu Mendonça
Santo do dia - Santo Ildefonso

Nasceu no ano de 606, em Toledo, no dia 8 de dezembro. Um homem de oração, foi discernindo a vontade de Deus também nas perdas. Ficou órfão e, em meio aos bens que possuía, fez de tudo para a construção de um mosteiro para religiosos. Um homem de discernimento, que não quer dizer sem medo, sem dificuldades. 

Os santos não foram super-homens, mas pessoas de carne e osso que foram se deixando transformar por Aquele que é o santo dos santos: Jesus Cristo. Ele que, pelo poder do Espírito Santo, opera maravilhas no coração que se abre.

Santo Ildefonso, um coração aberto para as vontades de Deus, mesmo contra a própria vontade. Aconteceu que o Bispo de sua localidade havia falecido e o povo o elegeu. Ele se escondeu num convento, mas foi descoberto e aceitou este grande serviço para o povo de Deus. Foi um grande instrumento de Deus e devoto da Santíssima Virgem.

Ele propagou a Festa da Expectação de Nossa Senhora, em 18 de dezembro – Nossa Senhora do Ó, como ficou conhecida. Fruto desse amor, ele recebeu a graça de uma aparição da Virgem Maria, chamando-o de “meu capelão” e presenteando-o com uma casula do céu. Assim diz o seu testemunho.

Um homem revestido de humildade, de vida, de oração na vida sacramental, por isso foi um grande pastor para o seu povo. Não evangelizou sozinho, pois os santos bem sabiam e continuam a saber o quanto nós precisamos uns dos outros para que a evangelização aconteça, para que muitos conheçam esse doce nome que tem nosso Senhor Jesus Cristo. Os santos foram aqueles que se consumiram pelo Evangelho para que muitos conheçam Jesus Cristo.

Santo Ildefonso, rogai por nós!


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Santo do dia - São Vicente

     Um santo amado e citado por muitos santos, como Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Prudêncio e outros que trouxeram à tona o testemunho desse grande diácono e mártir da Igreja.

     Nasceu na Espanha, em Huesca, no século terceiro. De uma família muito distinta e conhecida por todos, ele escolheu ser cristão e, assim, viver a santidade. 

     Vicente viveu num período muito difícil da Igreja. Um tempo em que Diocleciano e Maximiano – imperadores –, começaram a perseguir os cristãos e forçar muitos a se declararem a favor dos deuses; caso contrário, seriam martirizados. O santo de hoje foi um dos que fez a opção por Jesus. 

     Ele era um grande pregador da Palavra, mais do que isso, buscava viver a Palavra que pregava, esta que é, antes de tudo, Cristo Jesus, o Santo dos Santos, o nosso modelo, o nosso Senhor e Salvador. Diante das ameaças do governador Darciano, ele não recusou a se dizer cristão e fiel ao Senhor.

     Os tormentos o perseguiram. Foi um martírio lento, sempre com o objetivo de vencê-lo para que Darciano se desse como herói diante do Cristianismo, mas também com o objetivo de levar São Vicente a renunciar a própria fé, a sacrificar aos deuses. Fiel a Deus e sustentado pela oração, diante de si ele tinha o seu grande amor: Deus. Sendo assim, ele for martirizado aos poucos, até mesmo levado à grelha, tendo seu corpo dilacerado, jogado numa prisão e, por fim, Darciano deixou-o num leito pedindo que cuidassem dele. Ali, sim, ele foi visitado por outros cristãos e entregou-se a Deus.

    São Vicente tornou-se modelo para todos os cristãos e também padroeiro principal do patriarcado de Lisboa e também da diocese de Faro. 

São Vicente, rogai por nós!




Jesus, Senhor do sábado e de tudo mais


     Marcos inicia seu Evangelho com o anúncio de João Batista que vem “preparar o caminho” de Jesus. Agora, os discípulos de Cristo começam a “abrir caminho”. Marcos, na primeira parte de seu Evangelho, coloca a “casa” como o lugar de formação e convívio das comunidades envolvidas pelo ministério de Jesus. Na segunda parte, quando vai se encerrando o ministério ao redor da Galileia, o destaque é o “caminho” para Jerusalém, onde acontecerá o confronto final com os chefes do Templo.
    Ao longo do ministério na Galileia e vizinhanças, fica caracterizado o confronto com os chefes das sinagogas locais pelas infrações às regras de pureza, pela observância sabática, pelo jejum e pelo convívio social, bem como pela promulgação do perdão dos pecados. Jesus, por sua prática, revela que a necessidade está acima da Lei.
     O que Jesus e os discípulos estavam fazendo em Marcos 2,23 seria perfeitamente lícito aos olhos dos fariseus se não fosse realizado no sábado (Deuteronômio 23,25). A Tradição oral determinava minuciosamente o que podia e não podia ser feito aos sábados. Havia até uma lista de 39 verbos (trabalhos) que não podiam ser feitos naquele dia. Quatro destes verbos (colher, debulhar, limpar e preparar) eram descrições de que os discípulos estavam fazendo ao comer.
     Jesus combateu a tradição judaica muitas vezes, especialmente as tradições com respeito ao sétimo dia. Há uma grande quantidade de situações nas quais Jesus entrou em choque com os judeus nesta questão (Mc 3,1-6; Lc 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-9; 16-17; 7,22; 9,1-14). A seita dos chamados essênios, por exemplo, proibia claramente que um homem tirasse de uma cisterna ou fosso um animal que ali tivesse caído (Documento de Damasco, 11.13-14). Jesus, e até mesmo a maioria dos judeus, achava isto um absurdo (Mt 12,11; Lc 14,5, também 13,15).
    O Mestre citou o exemplo de Davi em 1Sm 21,1-6 para chamar a atenção dos seus opositores ao fato que nem tudo pode ser resumido ou explicado pela tradição rabínica. Davi comeu os pães da proposição (Lv 24,5-9) numa situação de perigo de vida, mas não foi punido por isto. De fato, este evento ocorreu num sábado, dia no qual os pães eram retirados do tabernáculo, substituídos por outros e disponibilizados aos sacerdotes para seu alimento. Tal fato não prova que os pães da proposição podiam ser comidos por qualquer um; pelo contrário, a exceção prova a regra. Quebrar a lei de Deus, quando houver necessidade, não é o que Jesus ensina aqui. O que fica provado é que o modo rígido e legalista dos fariseus de interpretar a Lei não explicava tudo (Mc 2,25-26).
Realmente, Davi só comeu os pães da proposição impunemente por ter Deus concedido a ele esta prerrogativa naquele momento. De uma forma similar, Jesus tem prerrogativas e autoridade superior às da Tradição e da própria Lei judaica. Jesus está dizendo: “Se Davi teve autorização para quebrar o protocolo, muito mais o Senhor de Davi pode fazê-lo”.
Mateus ainda menciona o caso dos sacerdotes judaicos que trabalham no Templo em pleno sábado (Mt 12,5-7). Se o serviço no Templo exige a suspensão da lei do sábado para alguns, a obra de Jesus exige a suspensão da mesma lei, pois Jesus é maior que o Templo (Mt 12,6). Se o Templo era maior que o sábado e se Jesus era maior que o Templo, certamente era maior que o sábado, um dos grandes preceitos da Lei.
     Em tudo isto, pode-se notar também que há prioridades dentro das prescrições da Lei e que há momentos em que um princípio maior supera outras regras menores. A citação de Os 6,6 aponta nesta direção. O ritual não é maior que a fidelidade; a Palavra do Cristo era maior que o ritual do sábado.
     O provérbio “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” é peculiar a Marcos, não sendo retomada por Mateus e Lucas. É difícil saber o motivo da omissão da frase nestes dois Evangelhos. O interesse pode ser simplesmente o de resumir Marcos, gerando espaço para introduzir outros materiais. Este é o costume de Mateus e Lucas. Outro motivo seria o de eliminar qualquer ambiguidade ou mau uso da frase nas comunidades receptoras das obras, embora seja muito questionável e difícil imaginar quais seriam estes maus usos do provérbio.
     Mateus e Lucas, ao omitirem o provérbio que estamos estudando, colocaram toda a ênfase do episódio na frase: “O Filho do Homem é Senhor do sábado” (Mt 12,8 e Lc 6,5). Lucas, inclusive, por não mencionar (como faz Mateus) a questão do serviço do Templo, faz com que o leitor seja claramente induzido a entender a comparação que Jesus fez de si mesmo com Davi. Observe que Jesus, como Davi, era o ungido de Deus, que agia sob orientação divina e por causa disto tinha grande autoridade.
    “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” é uma clara alusão à criação. Jesus usa o verbo na chamada voz passiva (‘foi feito’) para designar a ação de Deus. O Senhor criou o homem no sexto dia e estabeleceu o sétimo como dia de repouso.
A própria ordem da criação indica que o homem era o alvo do benefício do repouso sabático. Contudo, o modo rabínico de interpretar afastava o mandamento das intenções originais de Deus. O sábado, que era para ser um dom, um presente e um dia de refrigério, acabou sendo um dia de castigo, de opressão e de tensão devido à grande carga de mandamentos associados com ele e dos inúmeros preceitos reguladores. Esqueceram a função do sábado e ficaram apenas com a sua forma externa.
     Este método de recorrer às origens e à criação para resolver questões é característico de Jesus. Na questão do divórcio, narrada em Mc 10,2-12, enquanto todos buscavam alguma “interpretação” que permitisse o divórcio, Jesus buscava a intenção original do Criador na instituição do primeiro casal (Mc 12,6-9).
     Jesus arremata a questão dizendo: “De sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2,28). No Evangelho de Marcos esta frase aparece como conclusão do texto, mas apresenta uma verdade que é anterior à argumentação. De fato, o ensino que Jesus é o Senhor do sábado – e de tudo mais – permite que Ele diga como que o mandamento do sábado deve ser obedecido. A razão para aceitar o ensino de Jesus é o fato d’Ele ser o Filho do Homem. Seu ensino não tem validade apenas por sua lógica ou por sua veracidade, mas sobretudo por causa de sua autoridade.
     O modo de Jesus interpretar a questão é importante, pois a norma é Ele mesmo. A era messiânica já havia começado, e o conhecimento de quem era o Messias traria compreensão para saber cumprir a vontade de Deus.
Somos chamados a abrir caminhos, rompendo as cercas ideológicas ou materiais armadas pelo sistema de poder, para que o pão seja farto na mesa de todos.

Padre Bantu Mendonça

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


A tentação de remendar pano novo em roupa velha

     Nesta narrativa de Marcos, o destaque é a questão do jejum, uma das principais observâncias religiosas dos fariseus, que é mencionado seis vezes neste texto. Jesus, com seus discípulos, infringia esta prescrição legal, bem como a observância do sábado, conforme os Evangelhos registram com frequência.
     O texto de hoje relata a terceira duma série de controvérsias com vários grupos judaicos, iniciada em Mc 2,1. Talvez, surpreendentemente, a discussão de hoje se deu não somente com os fariseus, mas com os discípulos de João Batista. Marcos fala disso porque os discípulos de João formavam uma comunidade que sobreviveu à morte do Batista, sem dúvida até o segundo século da nossa era (cf. Jo 3,25). O motivo foi porque os discípulos de Jesus não davam grande importância ao jejum – uma prática que, ao lado da oração e da esmola, era muita cara às tradições religiosas dos judeus. Aliás, práticas também que continuavam – e continuam – a ter muito sentido para os cristãos de então, e de hoje, se bem com ênfases e expressões diferentes.
     O Sermão da Montanha, no sexto capítulo de Mateus (Mt 6,1-18), nos dá as orientações de Jesus sobre essas práticas, para evitar que caiam no formalismo e no vazio de serem somente práticas externas que não tocam no coração da pessoa humana. Atualmente, na Sexta-feira Santa por exemplo, lotam-se os restaurantes para comer bacalhau caríssimo, uma vez que comer carne vermelha é proibido! E assim, se cumpre a lei “na letra” mas não no espírito.
     No trecho de hoje, Jesus não se concentra sobre o jejum como tal, mas sobre o simbolismo de jejuar ou não no contexto das bodas, ou casamento. A imagem do banquete de casamento tinha conotações messiânicas e a referência a Jesus como o noivo tem esse sentido. Com a vinda de Jesus , chegou a hora do casamento, ou seja, de um novo relacionamento entre Deus e as pessoas.
     Mas também neste texto, bem no meio das controvérsias, se faz uma alusão clara à Cruz, ao destino de Jesus, pois “vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia, eles vão jejuar”. A fidelidade à vontade do Pai, na pregação da novidade da chegada do Reino de Deus, levará Cristo inevitavelmente à morte, pois o velho sistema politico-religioso é incapaz de adaptar-se à grande novidade da Boa Nova trazida por Jesus.
     Por isso, Marcos termina o texto colocando duas frases sobre a relação entre o velho e o novo – o pano remendado e os barris de vinho. A Boa Nova, com as suas consequências sociais e religiosas, é como um pano novo que não pode remendar roupas velhas, e como barril novo que preserva vinho novo. Para acolher Jesus e o seu projeto, é necessário acabar com estruturas arcaicas de dominação e de discriminação. Quem procurar salvaguardar esquemas antiquados e injustos não vai conseguir vivenciar a Boa Nova.
     Jesus veio exigir mudança radical, tanto no nível individual como social. Não veio “remendar” mas trazer algo novo – um novo relacionamento entre as pessoas, com Deus, consigo mesmos e com a criação.
     A presença de Jesus entre seus discípulos e no mundo é motivo de alegria. É o próprio Deus da vida e do amor presente entre nós, dispensando as práticas cultuais que são feitas em busca de um deus oculto e distante.
    Com as sentenças sobre remendo novo em roupa velha e vinho novo em odres velhos fica afirmada a novidade do movimento de Jesus, que se diferencia fundamentalmente da antiga prática religiosa legalista.
      O desafio continua hoje : como é tentador “remendar”, ou seja, fazer somente algumas mudanças que não atingem o cerne das estruturas de exploração, nem a sua raiz na nossa própria pecaminosidade. Por isso, a sociedade hegemônica, taxando-se muitas vezes de “cristã”, sempre procura cooptar o Evangelho e a Igreja, para que não tenha que mudar. Quando a cooptação e o suborno sutil não funcionam, parte-se para a perseguição – por isso Marcos desde já aponta para a Cruz.
     A sociedade moderna – sobretudo através da mídia – continua essa cooptação, disseminando uma religião “água com açúcar”, de “panos quentes”, dando espaço para movimentos religiosos alienantes, enquanto cala a voz dos profetas, ignorando-os ou até matando-os, como o sangue dos mártires do nosso tempo muito bem testemunha.
O Evangelho de hoje nos desafia para que façamos as mudanças radicais necessárias para acolher a Boa Nova, para sermos contraculturais, com Jesus: “Vinho novo deve ser colocado em odres novos”, que são os nossos corações.
Padre Bantu Mendonça

domingo, 20 de janeiro de 2013


A santidade é o melhor vinho que nunca deve faltar no seu lar


No Evangelho de João, temos uma simbologia abrangente do início da vida humana: o berço e o núcleo, tanto da Igreja quanto de toda e qualquer sociedade humana. Por se tratar do princípio da vida, Jesus faz questão de marcar ou inaugurar Seu ministério. Nele encontramos algo extraordinariamente novo, que extrapola as expectativas e observâncias do Judaísmo. Na tradição profética, a aliança de Deus com Seu povo é apresentada como núpcias.
Nesta narrativa de João, a festa de núpcias não oferece vinho suficiente. Por quê? Precisamente por se tratar de uma bebida passageira.
Assim sendo e havendo seis talhas de pedra vazias, destinadas às purificações rituais dos judeus, Jesus pede que se preencham com água. O ensino que tiramos desse texto é que água de purificação não é solução. É preciso transformá-la. A atual prática do Judaísmo deixa a desejar. Mas é preciso termos em conta a intervenção de Maria.  A mãe de Jesus que, tendo percebido o problema, não olha pelos lados para ver de quem era a responsabilidade de arranjar ou proporcionar a alegria da festa.
Com seu simbolismo, João não pretende realçar a relação amorosa “mãe-filho”, mas sim a relação de maternidade entre Maria e a humanidade.
“Jesus respondeu-lhe: ‘Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou’” (Jo 2,4).  Jesus referia-se, nesse momento, à hora de Sua glorificação na cruz, a qual consagra uma vida toda dedicada à renovação do mundo, pelo amor, até o fim, sem temer a morte.
Apesar de não ter chegado a sua hora, Jesus faz como que um prelúdio, uma sinalização da sua “hora” e associa a água, fonte da vida, ao vinho, fonte de alegria! O amor de Jesus liberta da lei e gera vida e alegria.
Então, retomando o tema da família, que por meio das bodas nupciais se edificam como sendo – parafraseando o Concílio Vaticano II – o “Santuário da vida” e a célula da Igreja e da sociedade, pois a casa é a primeira escola, é a primeira experiência social e de Igreja, é o ninho de amor onde se edifica pessoas – a começar pelos pais – Jesus atende aos apelos de sua mãe. Faz algo extraordinário: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!” (Jo 2,10).
Falar do casamento num mundo como o nosso, onde existe a filosofia do “ficar”, sem compromissos definitivos, onde todos os homens e mulheres têm medo do compromisso para sempre é difícil, mas não impossível.
No texto de hoje, João nos diz que o casamento é uma prova de que é possível “casar-se para sempre” quando o Mistério de Deus envolve toda a vida e preparação dos noivos. Sobretudo, quando está presente Maria que, intercedendo pelos jovens e famílias já constituídas, seu Filho entra imediatamente em ação. Este Evangelho deixa bem claro que os principais convidados deste casamento são Jesus, Maria e seus discípulos.
Para você que é jovem e quer casar (ou já está casado), quero lembrá-lo de  que poderá  passar por dificuldades e situações difíceis, mas quando o amor é construído de dentro para fora e quando os dois entendem a missão e a responsabilidade do que estão fazendo, com Deus fica tudo mais fácil. “Mais fácil”, não porque Deus facilita, mas porque tem consciência da escolha, que envolve renúncia, capacidade de esquecer-se de si pelo outro, e o grande propósito de fazer feliz primeiro a pessoa amada e não a si.
A missão da esposa é fazer feliz o esposo e a missão do esposo é fazer feliz a esposa. É proporcionar o “melhor vinho” para o outro. Através da sua oração você colocará o seu esposo ou esposa, noiva ou noivo, namorada ou namorado no céu. Por outras palavras, que a santidade da sua vida santifique a do outro!
A santidade, julgo eu, é o melhor vinho que nunca deve faltar no seu lar. E este é fruto de uma intimidade profunda com o Espírito Santo, dispensador das graças de Deus, doado gratuitamente pelo Pai através de Jesus Cristo, por interseção de Maria, Nossa Mãe e Mãe da Igreja: “Filho, eles não têm mais vinho”.
Assim quero hoje sugerir a você que dirija sua súplica a Jesus por meio de Maria. O que inferna a sua vida, que vinho falta na sua casa? Que tipo de vinho você necessita hoje? Falta compreensão, perdão, paciência, fidelidade e, principalmente, o amor?
Lembro a você que a garantia da sua felicidade vem da confiança, da esperança e da fé em Jesus Cristo, Filho de Deus e de Maria, minha e sua Mãe.

Padre Bantu Mendonça

sábado, 19 de janeiro de 2013


A lógica de Deus é sempre dominada pelo amor


Para os fariseus, era absolutamente escandaloso manter contato com um pecador notório como Levi. Na época, um cobrador de impostos não podia fazer parte da comunidade farisaica; não podia ser juiz nem prestar testemunho em tribunal, sendo, para efeitos judiciais, equiparado a um escravo; estava também privado de certos direitos cívicos, políticos e religiosos. Jesus vai demonstrar, àqueles que o criticam, que a lógica dos fariseus (criadora de exclusão e de marginalidade) está em oposição à lógica de Deus.
Os relatos evangélicos põem, com frequência, Jesus em contato com gente reprovável, com aqueles apontados pela sociedade como os cobradores de impostos e também com as mulheres de má vida. É impossível que os discípulos tenham inventado isso, porque ninguém da comunidade cristã primitiva estaria interessado em atribuir a Jesus um comportamento “politicamente incorreto”, se isso não correspondesse à realidade histórica. Não há dúvida de que Jesus “deu-se” com gente duvidosa, com pessoas a quem os “justos” preferiam evitar, com pessoas que eram anatematizadas e marginalizadas por causa dos seus comportamentos escandalosos, atentatórios da moral pública.
Certamente, não foram os discípulos a inventar para Jesus o injurioso apelativo de “comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores” (cf. Mt 11,19; 15,1-2).
Tendo já chamado os quatro primeiros discípulos, Jesus agora encontra o coletor de impostos Levi. Por sua função, ele era um marginalizado pela sociedade religiosa judaica. O Senhor não se volta para os marginalizados apenas para aliviá-los de seus sofrimentos e lhes restituir a dignidade, mas os inclui também na colaboração de Seu ministério, chamando alguns dentre eles como Seus discípulos mais próximos. Sentando-se à mesa com os amigos de Levi, também marginalizados, Jesus afirma Seu propósito de solidarizar-se com os excluídos e os pobres, causando escândalo entre os chefes religiosos do Judaísmo.
Na perspectiva deste texto, Cristo é o amor de Deus que se faz pessoa e vem ao encontro dos homens – de todos os homens – para libertá-los de sua miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova que é o projeto do “Reino”. A solicitude de Jesus para com os pecadores mostra-lhes que Deus não os rejeita, mas os ama e convida-os a fazer parte da sua família e a integrar a comunidade do “Reino”. É que o projeto de salvação de Deus não é um condomínio fechado, com seguranças fardados para evitar a entrada de indesejáveis; mas é uma proposta universal, na qual todos os homens e mulheres têm lugar, porque todos – maus e bons – são filhos queridos e amados de Deus Pai. A lógica de Deus é sempre dominada pelo amor.
Jesus anuncia a salvação de Deus oferecida aos pecadores, não porque esses se tornaram dignos dela mediante as Suas boas obras, mas porque o próprio Senhor se solidariza com os excluídos e marginalizados e lhes oferece a salvação. Ele ama de forma desmesurada cada mulher e cada homem. É esta a primeira coisa que nos deve “tocar” neste momento: a certeza de que Ele é a misericórdia. Interiorizamos suficientemente esta certeza, deixamos que ela marque a nossa vida e condicione as nossas opções?
O amor de Deus dirige-se, de forma especial, aos pequenos, aos marginalizados e necessitados de salvação. Os pobres e débeis que encontramos nas ruas das nossas cidades ou à porta das nossas paróquias, encontram nos “profetas do amor” à solicitude maternal e paternal de Deus? Apesar do imenso trabalho, do cansaço, do “stress”, dos problemas que nos incomodam, somos capazes de “perder” tempo com os pequenos, de ter disponibilidade para acolher e escutar, de “gastar” um sorriso com esses excluídos, oprimidos, sofredores que encontramos todos os dias e para os quais temos a responsabilidade de tornar real o amor do Pai?
Tornar o amor de Deus uma realidade viva no mundo significa lutar objetivamente contra tudo o que gera ódio, injustiça, opressão, mentira, sofrimento. Inquieto-me, realmente, frente a tudo aquilo que torna feio o mundo? Pactuo, com o meu silêncio, indiferença, cumplicidade com os sistemas que geram injustiça ou esforço-me ativamente por destruir tudo o que é uma negação do amor de Deus?
As nossas comunidades são espaços de acolhimento e de hospitalidade, oásis do amor de Deus, não só para parentes e amigos, mas também para os pobres, os marginalizados, os sofredores que buscam em nós um sinal de amor, de ternura e de esperança?
Padre Bantu Mendonça

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Santo do dia - Santa Margarida da Hungria

Nasceu no castelo de Turoc, em 1242. Filha de reis cristãos, convertidos, os pais passaram valores à filha, que, rapidamente, foi batizada e quis corresponder muito cedo à vocação e à vida religiosa. Formou-se junto às dominicanas e, depois de fazer os primeiros votos, ela foi viver num mosteiro que os seus pais construíram para ela na Ilha de Lebres.

Embora tivesse uma origem real, não era apegada aos bens materiais; brilhou por ser exemplo de pobreza, de desapego. Santa Margarida viveu o apego somente ao essencial; e as irmãs eram atingidas por esse testemunho. Mulher de oração, foi exemplo de vida comunitária e disposta a amar os irmãos como eles eram.

Santa Margarida da Hungria, rogai por nós!